O PORTUGAL-GEóRGIA TEVE, PROVAVELMENTE, O ERRO DE ARBITRAGEM MAIS EVIDENTE DO EUROPEU. ÁRBITRO E VAR Já DEVEM ESTAR DE MALAS FEITAS

Duarte Gomes analisa algumas arbitragens da fase de grupos do Euro 2024, tocando no lance em que Cristiano Ronaldo foi agarrado na área da Geórgia e nas prestações “muito competentes” de Artur Soares Dias e a sua respetiva equipa

O fim da fase de grupos deste Euro2024 dá-me a oportunidade de esboçar breve balanço sobre os jogos disputados.

A primeira consideração - e de longe, a mais satisfatória - é a alegria que sinto enquanto português pelo sucesso da nossa seleção, que assegurou a passagem à fase seguinte final com mérito (e sem precisar da calculadora).
A este propósito, fica a opinião de quem sente aquela equipa como sua, mas que respeitará sempre as opções de quem tem legitimidade para as tomar: Roberto Martinez fez muito bem em apostar num onze alternativo, tendo em conta o enorme talento que tem em mãos. O sucesso também se faz de motivação e, como diz António Sérgio, por detrás de cada atleta há um homem.
Às vezes corre bem - quem não se lembra do sensacional hat-trick de Sérgio Conceição na baliza de Oliver Kahn, quando Portugal derrotou a Alemanha por três a zero, num jogo do Euro 2000 que já não precisávamos vencer? -, às vezes não. Faz parte.
Que venha a Eslovénia, com os ensinamentos que a Geórgia nos deu. E por falar em Geórgia, vale a pena sublinhar - sem pinga de nacionalismo provinciano - que a equipa de arbitragem liderada pelo suíço Sandro Schärer cometeu aquele que foi provavelmente o erro mais evidente da competição até à data: o de não assinalar um penálti muito claro, por agarrão de Lochoshvili a Cristiano Ronaldo. Esse foi um daqueles que a UEFA dificilmente perdoará. O mais certo que árbitro e VAR estejam já de malas feitas para regressar a casa. Aos mais alto nível, erros assim pagam-se caro.
Quem merece continuar em competição é Soares Dias e equipa: os árbitros portugueses tiveram prestações muito competentes nos jogos realizados até agora e é quase certo que serão premiados com a continuidade no certame. A confirmar-se, é algo que nos deve encher de orgulho.
A outro nível, o meu profundo desagrado pela escolha de palavras com que Steve Clark, técnico escocês, comentou a atuação de Facundo Tello, argentino que dirigiu o jogo da Escócia com a Hungria.
Uma coisa é criticar tecnicamente o trabalho dos árbitros, outra é recorrer a um discurso quase xenófobo para pôr em causa a qualidade e, se calhar, seriedade do juiz da partida. Foi muito feio, totalmente desnecessário e de um mau perder épico.
Clark referiu-se a um alegado penálti (não assinalado) por alegada infração sobre Stuart Armstrong. O lance foi extremamente discutível, por levantar uma dúvida muito comum neste tipo de jogadas: o avançado escocês protegeu a posse de bola com o corpo quando se deu o contacto com o defesa que vinha atrás ou foi ele quem procurou esse contacto, colocando o corpo na trajetória de corrida daquele? Neste tipo de lances, a minha análise é quase sempre a mesma: se o atacante inicia contacto deliberadamente, movimentando-se para o lado de onde vem o adversário, não pode ser premiado por isso.
De resto, arbitragens globalmente muito competentes e com decisões acertadas em lances relevantes (recordo o golo bem anulado aos Países Baixos por fora de jogo de Dumfries, cuja proximidade e colocação foram suficientes para impactar na possível movimentação do guarda-redes adversário).
Nota final para o apoio inestimável que a tecnologia continua a oferecer à verdade desportiva, salvando muitos golos (e pontos) só nesta etapa da prova.
De novo, uma chapada de luva branca a tantos que ainda desejam que o futebol volte a ser o que foi noutros tempos.
É lidar.

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