AS LáGRIMAS DE HOJE, OS SORRISOS DE AMANHã: PORTUGAL PERDE A FINAL DO EURO SUB-17 CONTRA A ITáLIA

Portugal perdeu contra a Itália na final do Euro sub-17. Em Limassol, cedo no encontro, com patrocínio de erros defensivos, a seleção nacional viu-se com dois golos de desvantagem. A reação no término da primeira parte foi inglória já que, no início da segunda, a squadra azzurra fez o 3-0. Depois dos títulos em 2003 e 2016, esta foi a primeira derrota da equipa das quinas na final da competição

Nem sempre os longos caminhos têm um prémio no final mesmo que o mapa mostre uma cruz a vermelho que, supostamente, é indicativa da presença de um tesouro. Por vezes, está na viagem e no mérito da sua concretização a virtude de um percurso glorioso. Portugal foi o mais longe que podia no Euro sub-17, só que abriu o baú e, no interior, estava um vazio de ouro a tapar um mundo de sonhos por concretizar.

O início do jogo, em Limassol (Chipre), teve laivos de partida de matraquilhos. Não que Portugal tenha feito uma entrada a pés juntos. Bem pelo contrário. Um começo a morder a língua tinha ido mais ao encontro das gulosas pretensões da seleção. A maior semelhança com o jogo disputado no caixote de madeira retangular eram os repelões sofridos pela bola.

Quando Portugal começou a reverberar uma mudança, já a Itália, vestida nos mesmos tons de intranquilidade, tinha chegado aos dois golos de vantagem fruto dos acessórios de clarividência emprestados pelo lateral-esquerdo Cristian Cama e o avançado Francesco Camarda. Não era uma situação nova para a equipa das quinas no torneio. Também na meia-final, contra a Sérvia, os jogadores de João Santos foram para o intervalo com igual resultado.

Os erros defensivos agastavam as tentativas que os atacantes portugueses iam fazendo para remar contra as circunstâncias. Porém, o lado esquerdo do ataque da squadra azzurra era uma catadupa de ondas gigantes. Edgar Mota e Rui Silva viam-se em apuros com frequência. Cristian Cama expressou naquela zona o sotaque criterioso do seu pé esquerdo. Foi assim que encontrou Coletta, que marcou o primeiro golo com uma cabeçada veemente, como se estivesse a dizer sim à bola com a perfeita convicção do motivo pelo qual o estava a fazer.

Portugal teve a ousadia de montar uma linha defensiva em maré alta, mas faltou-lhe capacidade para reajustar face à presença de tubarões. Francesco Camarda foi ponta de lança de dente afiado para a Itália. Predador voraz, desviou a posição para esquerda para ter um ângulo melhor para atacar a presa fácil. O avançado do AC Milan serpenteou pela defesa e fez o segundo golo pouco depois do quarto de hora de encontro.

Portugal começou a crescer na ponta final do primeiro tempo. Remates em diagonal de Geovany Quenda e de Afonso Fernandes alvitravam uma melhoria. Os laterais, Edgar Costa e Martim Cunha, viram-se também mais envolvidos. Os italianos demonstravam nesta fase maior propensão ao erro e a seleção nacional ganhava confiança através de ataques organizados mais prolongados, ainda que sem conseguir finalizações dentro da grande área. Esperava-se então uma segunda parte de maior fulgor.

Os italianos só precisaram de um pouco de ar para voltarem à mó de cima e, com novo golo de Camarda, Portugal ficou sem hipóteses de discutir o resultado. João Santos acelerou a normal cronologia das substituições para, com gente fresca, limpar as migalhas de esperanças caídas por terra. O pendor ofensivo de Portugal foi reforçado sem que, graças ao guarda-redes Diogo Ferreira, o resultado não mais se alterasse. No entanto, toda e qualquer procura de remate era bloqueada pela amálgama de italianos em frente da área.

Portugal nunca foi bem um paraíso fiscal da sorte. De vez em quando, cá se recebem uns salpicos. Depois da memorável meia-final contra a Sérvia, o stock dessa substância esgotou-se. A Itália conquistou o primeiro Euro sub-17 da sua história, mostrando aos jovens portugueses a dureza de uma final perdida. Eles que choraram por causa da final. Um dia, quem sabe, vão-se rir dela quando estiveram nos palcos mais içados do futebol.

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