NO PóS-LLORIS, HOUVE POLéMICA FORTE NA SELEçãO FRANCESA, COM MBAPPé NO EPICENTRO

Está tudo sanado e, um ano e três meses depois, já é assunto passado. Trazemo-lo, em vésperas de duelo entre Portugal e França, para recordar como duas enormes figuras dos Bleus lidaram com um tema sensível e que fez correr muita tinta no país hexagonal: a braçadeira de capitão.

Depois do Mundial do Catar, , que capitaneou a seleção nos anos anteriores, deixou a carreira internacional e abriu espaço para a discussão. Do fim de 2022 até março de 2023, Didier Deschamps teve tempo para ponderar a melhor opção.

«Há alguns que não querem a braçadeira de capitão. Mbappé é um deles. Vou falar com eles antes de tomar uma decisão. Há uma responsabilidade em relação a ser capitão, com obrigações um pouco maiores, mas quero ter essa discussão internamente antes de tomar a minha decisão», referiu, na altura, o selecionador.

E, quando chegou a paragem internacional dessa altura, a escolha foi anunciada aos jogadores. Seria mesmo Mbappé...

Campeões do Mundo em 2018 @Getty / Catherine Ivill
Por mais natural que pudesse parecer para a opinião mundial, em França o assunto foi tudo menos consensual. Porquê? Porque havia Antoine Griezmann, também ele uma figura de peso da última década e um nome pesado no balneário.

, por exemplo, insurgiu-se contra a decisão: «Não me parece uma escolha lógica, acho que dar a braçadeira de capitão a Mbappé é uma falta de respeito para o Griezmann. E não tenho nada contra o Mbappé, atenção. Considerando a longevidade e os anos que se passaram, esperava que fosse Griezmann o escolhido.»

Por entre a polémica e a especulação, chegou mesmo a noticiar-se que na equação do jogador do Atlético Madrid estaria um afastamento da seleção.

Conversa apaziguadora

Efetivamente, Griezmann não gostou da decisão, assumi-lo-ia mais tarde (já lá vamos). Porém, logo nessa concentração, o assunto foi resolvido pelo próprio Mbappé, que fez questão de conversar com o seu colega de equipa.

Contou-o uns dias depois: «Conversei com Antoine, ele estava desiludido. É compreensível. Disse-lhe que teria a mesma reação. Ele é, provavelmente, o jogador mais importante da era Deschamps. Não sou o superior hierárquico do Antoine.»

O próprio Deschamps reconheceu o desconforto sentido no camisola 7: «Posso garantir que o Antoine, desde segunda-feira, está muito sorridente. Que ele tenha ficado desapontado naquele momento é legítimo, mas isso parou por ali.»

Dito e feito!

@Getty /
No dia seguinte, jogo contra os Países Baixos e expectativa para se perceberem as sensações em campo. O triunfo estrondoso (4-0), os golos de ambos os jogadores e, sobretudo, os festejos entre ambos não deixavam dúvidas. O zerozero titulou o artigo de jogo de forma perfeita: «Amigos outra vez»

Em junho, nova paragem de seleções. E, aí, foi o próprio Griezmann a falar. Tudo verdade, tudo ultrapassado.

«É duro e difícil, porque tenho 32 anos. Mesmo que andasse de muletas... Levei um dia e meio ou dois para digerir a decisão. Mas, quando estou em campo, estou feliz. Isso é o que mais importa. Hoje, estou completamente ao lado do Kylian [Mbappé], é o nosso capitão. Nada vai mudar, é assim que sou. Já ultrapassei isso. Não há qualquer razão para deixar a seleção. É algo que aceitei, apoio o Mbappé e vou fazer o melhor para o ajudar. Deixar a seleção? Para isso, vão ter de me dispensar...», atirou.

E ei-los, um ano depois, na Alemanha para tentarem juntar ao Mundial de 2018 a conquista de um Europeu.

2024-07-04T10:30:19Z dg43tfdfdgfd